Valor médio de R$ 312,29 em junho é o menor dos últimos 12 meses em Londrina; carne, batata e leite puxaram queda no mês passado.

                                                       

A redução do preço da carne, batata e leite derrubou o valor da cesta básica de Londrina em junho. A pesquisa realizada em dez supermercados da cidade mostrou uma queda de 3,9% em relação a maio, ficando na média de R$ 312,29. Este é o menor valor dos últimos 12 meses, uma queda de 21,24% (R$ 396,55) em relação a junho do ano passado. No acumulado deste ano, a queda é de 7,8%. 

Londrina segue a tendência de redução de preços nacionais. Na composição de gastos do IPC-S (Índice de Preço ao Consumidor Semana), divulgado nesta segunda-feira pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o grupo de alimentação teve um decréscimo de -0,57% para -0,71%. 

Os produtos da cesta básica de Londrina que apresentaram redução significativa de preços médios em relação a maio foram a batata (-42,4%), o leite (-12,3%) e a carne (-9,3%). Os vilões foram a banana (29,6%), o tomate (15%) e o café (7%). De acordo com o economista Marcos Rambalducci, coordenador da pesquisa da cesta básica, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA, essa desaceleração dos preços é em função do clima. 

"Ano passado, tivemos o efeito do El Niño, com ciclos de chuvas e secas irregulares, o que criou um descompasso na agricultura e acarretou em elevação dos produtos", explica o professor. 

Com o clima mais regular, o impacto no campo tem sido menor. A batata, por exemplo, que no ano passado chegou a ser vilã da alta da cesta, está chegando em alguns estabelecimentos por R$ 0,79 o quilo. Por outro lado, o tomate voltou a ter um ciclo de oferta no mercado, fazendo o preço subir. 

                                                                           

CARNE 

Uma das maiores protagonistas do cenário de queda da cesta é a carne. O produto é responsável por quase 40% da formação da cesta, e a redução de 9,3% no quilo representa uma boa economia. A contadora Silvana Bergamachi, de 75 anos, percebeu essa queda apontada pela pesquisa. "A carne teve uma diminuição e também percebi uma melhora na aparência. Mas acho que nos últimos três meses teve uma redução de preço de maneira geral", comenta. 

Mas o economista alerta que o churrasco nos próximos meses deve ficar mais salgado. Houve redução do abate em função da queda das exportações, e com a chegada do inverno o pecuarista terá que criar o gado em confinamento, com custo elevado. Para equilibrar os custos, ele não deve repor o gado abatido. 

Esse cenário deve representar uma oferta de carne em baixa e, consequentemente, elevação do preço. "É melhor comer picanha agora, porque em dezembro vamos ter um descompasso no preço", brinca Rambalducci. 

                                 

PROMOÇÕES 

A cesta básica pode ficar mais barata se o consumidor estiver disposto a bater perna e comprar os produtos mais em conta do que em cada um dos supermercados pesquisados. A economia seria de R$ 77,70, em relação ao preço médio. A professora Eloisa Marche, 60, percorre os supermercados atrás de ofertas, principalmente de hortifrúti. "As frutas estão muito caras, tem que aproveitar as promoções e não dá para variar muito o tipo", avalia. 

A fotógrafa Lirica Aragão, 27, prefere fazer as compras do mês no atacado. Segundo ela, consegue uma economia de 25%. Frutas e verduras são compradas na feira. "Com R$ 30 faço a feira da semana. É muito mais barato. Um brócolis que no mercado custa uns R$ 8, na feira compro dois por R$ 6", comenta. 

Os hortifrútis são os que mais sofrem influência do clima. Basta uma semana de muita chuva para ter reflexo imediato no preço de produtos como batata e tomate nos supermercados ou na feira.

                             

Fonte: Folha de Londrina, 04 de julho de 2017