Relatório do banco UBS diz que alta é fruto, principalmente, de alta dos bilionários na China
A fortuna dos bilionários mundiais cresceu 18,6% em 2017 e atingiu o recorde de US$ 8,9 trilhões (cerca de R$ 32,5 trilhões na cotação atual), de acordo com relatório divulgado na sexta (26) pelo banco UBS.
Em números absolutos, o aumento foi de US$ 1,4 trilhão (R$ 5,1 trilhões), o maior da história, diz o banco.
O relatório diz que a alta é fruto, principalmente, do aumento do número de bilionários na China.
Essa riqueza está concentrada nas mãos de 2.158 pessoas, o que dá uma média de US$ 4,1 bilhões (R$ 14,9 bilhões) por bilionário. Em 2016, eram 1.979 bilionários no mundo.
No Brasil, a riqueza cresceu 2%, para US$ 176,7 bilhões (R$ 612,2 bilhões). De acordo com o UBS, o país tinha 42 bilionários ao fim de 2017, dois a menos do que no ano anterior. Segundo a revista Forbes, o mais rico do Brasil é o empresário Jorge Paulo Lehmann, que atua em bebidas e alimentos, com fortuna estimada em US$ 27,4 bilhões (R$ 100 bilhões).
O crescimento da riqueza mundial foi maior nos setores de consumo e varejo —que inclui alimentos, cosméticos e bebidas e concentra 23% dos bilionários globais—, com US$ 360 bilhões (R$ 1,3 bilhão).
Em seguida, vem o setor de tecnologia.
Enquanto há uma desaceleração no crescimento das fortunas nos Estados Unidos e na Europa, diz o banco, a China vê o surgimento de dois novos bilionários por semana.
Ao fim de 2017, eram 373, ante apenas 16 em 2010. No ano passado, 106 pessoas ultrapassaram a barreira de US$ 1 bilhão (R$ 3,6 bilhões) no país asiático —outros 51 perderam o título.
Um dos novos bilionários é Wang Jian, ex-pesquisados da Universidade de Washington, em Seattle. Em 2017, ele abriu capital da BGI, laboratório de sequenciamento genômico fundado em 1999.
“Os empreendedores chineses estão descobrindo novos mercados entre os 770 milhões de usuários de internet do país, criando novos negócios e modificando a sociedade em um ritmo nunca visto”, diz o texto.
A riqueza dos bilionários chineses cresceu 39% em 2017. Nos Estados Unidos, que concentra o maior número de bilionários no mundo, a alta foi de 12%.
O banco ressalta que a China tem seguido os passos americanos em ritmo acelerado. Entre 2016 e 2018, 50 empresas chinesas ganharam o status de unicórnio (startups que vale mais de US$ 1 bilhão). Nos Estados Unidos, foram 62 no período.
“O contraste com a China não poderia ser maior. Nem a Rússia nem o Brasil têm condições tão favoráveis ao empreendedorismo”, afirma o banco, citando entre as condições políticas governamentais de apoio, liberalização da economia e mudanças tecnológicas.
O banco vê riscos para o grupo dos empresários mais ricos do mundo, à medida que se ampliam os riscos para a economia global, principalmente em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que pode impactar a economia dos dois países.
O UBS estima ainda que, nesse caso, as ações dos Estados Unidos e da Ásia, excluindo o Japão, podem cair mais de 20% em relação ao nível de meados de 2018.
Fonte: Folha de S.Paulo, 29 de outubro de 2018.