Estimativa anterior, de abril, apontava que a alta dos preços no país seria de 12.875%
A nova estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) aponta que a inflação na venezuelana pode chegar a 1.000.000% (um milhão por cento) no fim deste ano. Para o Fundo, a situação do país é similar à da Alemanha em 1923 e à do Zimbábue no fim da década passada.
A hiperinflação brasileira em seu pior momento, em 1993, terminou o ano a 2.477%.
Segundo o organismo, o país sofre com a queda na produção de petróleo e o governo vem imprimindo dinheiro (e, portanto, gerando inflação) para cobrir o rombo nas contas públicas.
Mesmo com a melhora do preço internacional do petróleo (a cotação do barril subiu mais de 50% nos últimos 12 meses), a produção venezuelana sofre com a falta de investimento e ruma para ser a menor em três décadas.
A previsão anterior do FMI, de abril, apontava que os preços na Venezuela subiriam 12.875% neste ano.
Naquele momento nenhum país chegava perto da situação do país sul-americana: os piores cenários eram os do Sudão (alta de 42%) e do Sudão do Sul (96%). A previsão para o Brasil é de inflação de 3,9%.
O economista-chefe do FMI para a América Latina, Alejandro Werner, ressaltou que a estimativa para a Venezuela “tem um grau muito maior de incerteza” do que a maioria das previsões de inflação.
Ainda assim, ele afirmou que, se a taxa for de 1.200.000% ou de 800.000%, “a destruição dos preços como o mecanismo de alocação de recursos já terá acontecido”.
O Fundo prevê ainda que a economia venezuelana vai encolher 18% neste ano, três pontos percentuais mais do que na estimativa de abril.
O último ano de crescimento do PIB do país foi em 2013 (1,3%), e o FMI prevê que a retomada não vai vir antes de 2023. Só nos últimos cincos, a contração acumulada está na casa dos 50%.
Essa mistura de retração econômica e hiperinflação deve alimentar ainda mais a fuga de venezuelanos do país e afetar a economia dos países vizinhos.
“O colapso da atividade econômica, a hiperinflação e a crescente deterioração na oferta de serviços públicos (saúde, energia, saneamento, transporte e segurança), assim como a falta de alimentos a preços subsidiados, geraram grandes fluxos migratórios, cujos efeitos deverão ficar mais intensos nos países vizinhos”, afirmou Werner.
O governo americano calcula que 1 milhão de venezuelanos deverão deixar seu país em 2018 —de 2015 a 2018, 1,5 milhão saiu, segundo a ONU, especialmente para a Colômbia.
No caso brasileiro, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou na semana passado que mais da metade dos venezuelanos que entraram pelo estado de Roraima (principal porta de entrada para eles no Brasil) entre 2017 e junho de 2018 já deixou o país.