Dados do Caged, do Ministério do Trabalho, foram divulgados nesta sexta-feira (20). Neste ritmo, país criará apenas 220 mil vagas neste ano diante de perspectivas anteriores de 1 milhão

Pela primeira vez em 2018, as demissões superaram as contratações no mercado de trabalho formal em junho. Foram registradas no mês 1.167.531 admissões e 1.168.192 desligamentos, que resultaram em um saldo de -661 vagas. Os dados do mercado formal do Ministério do Trabalho, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foi divulgado na tarde desta sexta-feira (20). No ritmo atual, país criará um quarto das vagas estimadas por alguns analistas para este ano.

Um ano antes, a economia brasileira havia registrado a abertura (líquida) de 16.702 empregos com carteira assinada. Até poucas semanas atrás, o mercado de trabalho ainda criava vagas. Em abril, o país havia criado 121.146 empregos, mas em maio o número já havia caído expressivamente para 33.659 postos. O último resultado negativo foi registrado em dezembro de 2017, quando o Brasil perdeu 340.087 empregos com carteira assinada.

O resultado mensal de junho não estava no radar e veio muito pior que o intervalo das estimativas dos analistas. Entre as 17 previsões coletadas pelo Projeções Broadcast, do Estadão, a expectativa era de um saldo positivo de 12 mil a 68,8 mil postos, com mediana positiva em 35 mil postos de trabalho, sem ajuste sazonal.

Apesar do resultado negativo no mês passado, o primeiro semestre do ano terminou com saldo positivo de 392.461 vagas e, nos últimos 12 meses até junho, com 280.093 postos.

O resultado mensal negativo foi puxado pelo comércio, que registrou o fechamento de 20.971 postos, seguido pela indústria da transformação, que perdeu 20.470 empregos com carteira assinada e pela construção civil (-934). Também foram negativos os resultados dos setores de administração pública (-855) e indústria extrativa mineral (-88). Por outro lado, houve criação de empregos formais nos serviços industriais de utilidade pública (+1.151 postos) e nos serviços (+589 postos).

No fim de 2017, as estimativas apontavam a criação de cerca de 1 milhão de novos postos com carteiras neste ano. Desde março, no entanto, a desaceleração tem sido tão brusca que, mantido o ritmo registrado a partir daquele mês, o mercado de trabalho pode fechar 2018 com um saldo líquido de apenas 220 mil vagas com carteira, segundo levantamento da LCA Consultores.

Trabalho intermitente estaria ajudando a aumentar os números do Caged

Segundo dados do Caged, no mês passado, o saldo líquido do trabalho intermitente foi positivo: 2.688 vagas criadas, entre demissões e admissões. Também houve abertura de outras 988 vagas pelo sistema de jornada parcial. Somados, os dois novos contratos criaram 3.676 empregos no mês passado. Os dois novos contratos foram criados pela reforma trabalhista que vigora desde o fim do ano passado.

Ainda neste mês de julho, uma reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o governo tem incluído os intermitentes na estatística de emprego mesmo sem saber se de fato trabalharam. Isto é, pessoas que assinaram o contratados, mas não foram chamadas e não receberam salário. Segundo o jornal, desde novembro de 2017, os contratos de intermitentes têm aumentado o resultado geral do Caged.

Essa modalidade, criada pela reforma trabalhista, também é conhecida como zero hora, já que não prevê uma jornada fixa.

FONTE: Gazeta do Povo, 23 de julho de 2018.


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