por Tassia Kastner e Venceslau Bornila Filho



O presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB), confirmou nesta terça-feira (30) a possibilidade de a Casa acelerar a votação da reforma trabalhista, sem que o texto seja analisado por ao menos três comissões, como inicialmente planejando por ele. A Folha de S.Paulo antecipou nesta terça (30) que o Palácio do Planalto articula um acordo de líderes para votação de um pedido de urgência. Dessa forma, a reforma seria discutida apenas na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) ainda nesta terça (30) e já seguiria para análise no plenário. "Após a aprovação em pelo menos uma comissão, eu tenho condições de aceitar um requerimento de urgência e obviamente colocar em votação. O plenário será soberano em colocar essa matéria em regime de urgência direto ou se volta para as três comissões, como determinei", disse Oliveira. O objetivo do Planalto com a votação a jato é demonstrar força junto ao Congresso Nacional, após a deflagração da crise que atingiu em cheio o presidente Michel Temer, proporcionada pela delação dos donos da JBS, a maior processadora de proteína animal do mundo. O presidente do Senado esteve nesta manhã em São Paulo ao lado de Temer em evento para tentar atrair investidores para o país. Também estavam presentes ministros, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Os discursos aos investidores foram uma tentativa de indicar que a crise política não alteraria o compromisso do governo com as reformas. Questionado sobre uma possível saída de Temer do cargo, Oliveira se disse "um democrata" que cumpre a constituição. "Nesse momento, não vejo motivação para que o presidente não cumpra o mandato até 31 de dezembro [de 2018]". O presidente do Senado disse ainda que não discutiria eleições diretas ou indiretas para uma eventual sucessão de Temer. "Não há por que ter eleições indiretas ou diretas quando não há vacância. Não trato de possibilidades", disse. Críticos ao governo Temer têm pedido eleições diretas sob o argumento de que o Congresso também estaria envolvido nos escândalos de corrupção. Para eleições diretas, a Constituição precisaria ser alterada. Eunício de Oliveira é do mesmo partido de Michel Temer. Na Câmara, Rodrigo Maia sinaliza que não deve aceitar nenhum dos 14 pedidos de impeachment contra Temer, protocolados após o início da crise política.




Fonte: Bem Paraná / Folhapress, 31 de maio de 2017.