Nesta terça-feira (19), o presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Moacyr Auersvald, e os demais presidentes das centrais sindicais (CUT, UGT, Força Sindical, CSB e CTB) participaram de uma reunião com representantes do UAW – United Auto Workers of America – sindicato que representa cerca de 40% dos trabalhadores da indústria automobilística nos EUA.

A reunião que aconteceu por meio do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, foi uma forma do governo brasileiro prestar solidariedade à greve das montadoras e falar sobre questões do mundo do trabalho.

UAW lidera a greve nas chamadas “três grandes” montadoras: General Motors, Ford e Stellantis (ex-Chrysler). A luta principal é por aumento de salário.

A dimensão da greve fez o próprio presidente Joe Biden apelar às montadoras que aumentem os salários dos empregados. O líder norte-americano tem no sindicalismo uma de suas bases políticas e eleitorais.

“Estamos vivendo um momento histórico nos EUA, para o Brasil. O que estamos presenciando aqui é o encontro de dois governos, de dois presidentes que passaram pela mesma dificuldade, tentativas de golpes e situações similares. E nós brasileiros temos uma preocupação com a atuação desses governos, já que o Brasil e os EUA são espelhos para o mundo. Quando digo espelho me refiro a serem referência nas boas ações, democracia, responsabilidade social e respeito ao movimento sindical”, enfatizou o presidente da Nova Central.

Um outro problema combatido pelos trabalhadores é que, enquanto os salários sofrem arrocho, a distribuição de dividendos e pagamentos a CEOs se multiplica.

Greves e manifestações não são procedimentos comuns no sindicalismo dos Estados Unidos. Mas a paralisação atual é de repúdio ao arrocho.

“Portanto nossa solidariedade aos trabalhadores que estão em greve nos EUA e pedimos a OIT que auxilie na resolução desse problema. Assim como sugiro um grupo de trabalho no Brasil para pressionar”, disse Moacyr Auersvald.

Leia a íntegra do discurso do presidente da Nova Central

Estamos vivendo um momento histórico nos EUA, para o Brasil. O que estamos presenciando aqui é o encontro de dois governos, de dois presidentes que passaram pela mesma dificuldade, tentativas de golpes e situações similares. E nós brasileiros temos uma preocupação com a atuação desses governos, já que o Brasil e os EUA são espelhos para o mundo. Quando digo espelho me refiro a serem referência nas boas ações, democracia, responsabilidade social e respeito ao movimento sindical.

Nós temos algumas bandeiras que defendemos, como a Igualdade racial, étnica e igualdade de gênero, coisas tão básicas, que consideramos “ser vergonha” ter que cobrar medidas e leis para que para que aconteçam. A vergonha é no sentido que o mundo poderia estar evoluído de tal forma, que isso seria direito básico de qualquer cidadão. Mas infelizmente a realidade ainda não é essa.

Nós tivemos no Brasil um período muito triste que foi o golpe que tirou a presidente Dilma e depois um governo autoritário, que precarizou os direitos trabalhistas. Agora que estamos retornando. Hoje nós temos um presidente preocupado com as causas sociais, sindicalista. Assim como o nosso ministro do trabalho, que é um sindicalista comprometido e próximo do movimento sindical. E graças a esse empenho que estamos aqui, que esse encontro foi possível.

Gostaria de ressaltar também a importância da OIT para o movimento sindical. Todas as ações dos organismos que defendem a classe trabalhadora geram um efeito cascata. Ou seja, são sentidas por todo mundo (de uma forma ou de outra). Pois acredito que nenhum trabalhador goste de receber assistência social. Todo ser humano gosta de se alimentar com o suor do seu trabalho.

Eu fico muito preocupado com que mundo vamos deixar para os nossos filhos e netos. E acredito que é isso que estamos plantando aqui. O capital é muito importante, mas quem produz de fato a riqueza é o trabalhador.

Portanto nossa solidariedade aos trabalhadores que estão em greve nos EUA e pedimos a OIT que auxilie na resolução desse problema. Essas grandes empresas são mundiais, não tem pátria e nem deixam de ter um rendimento favorável. Por isso, essa articulação política que estamos fazendo é fundamental. Assim como sugiro um grupo de trabalho no Brasil para pressionar. O mundo é globalizado, as empresas são globalizadas, as dificuldades são globalizadas, e por que nós trabalhadores não globalizamos as nossas experiências?1

Com informações da Agência Sindical 

https://www.ncst.org.br/subpage.php?id=25778_20-09-2023_em-nova-york-nova-central-participa-de-reuni-o-com-a-uaw-e-ministro-luiz-marinho