IBC-Br, OCDE, Boletim Focus e Ministério da Fazenda elevam a expectativa para o Produto Interno Bruto de 2023 em um cenário de queda da inflação
por Murilo da Silva
O Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Política Econômica, elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2023, de 2,5% para 3,2%, como consta no último Boletim Macrofiscal, divulgado na segunda-feira (18).
Acompanhou esta elevação a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que também indica um crescimento de 3,2% no seu Relatório Interino de Perspectiva Econômica trimestral. A projeção anterior, de junho, era de 1,7%.
Na mesma linha de correções positivas, o Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne as expectativas do mercado financeiro, elevou a estimativa de PIB de 2,64% para 2,89% nesta semana. Quando começou o ano, o Focus de 13 de janeiro apontava para um PIB em 2023 de 0,77%.
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Já a estimativa do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), indicador conhecido como a “prévia do PIB do Banco Central”, marcou alta de 0,44% em julho, acima do esperado que era 0,3%. Em junho o crescimento, após correção, foi de 0,22%. No acumulado de 12 meses, até julho, o IBC-Br marca 3,12% e considerando somente o ano de 2023, também até julho, a alta é de 3,21%.
Essa verdadeira onda de correções positivas vindas tanto do governo quanto do mercado mostra que o pessimismo com o governo Lula que parcelas da sociedade mantinham no início do ano já está escanteado.
Esta é a visão do economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro, colocada em entrevista ao Portal Vermelho.
“O que aconteceu inicialmente foi que havia muito pessimismo com a agenda econômica do novo governo. Pessimismo, diga-se, por parte do mercado financeiro que antes mesmo do presidente Lula tomar posse, lembremos que houve aquela carta do Armínio [Fraga], do Edmar Bacha [e Pedro Malan], alertando sobre a catástrofe que seria eliminar o teto fiscal, o teto de gastos etc, etc. Bom ele foi eliminado, foi substituído por um arcabouço muito mais flexível, embora se possa fazer críticas aqui ou ali, mas o fato é que houve uma flexibilização fiscal e não ocorreu o desastre que eles estavam apontando. Como a economia não entrou no buraco negro que o mercado financeiro estava prevendo, lógico que ocorreram as reavaliações”, explica Oreiro.
Em novembro de 2022, ainda com o governo de transição, o professor da UnB e outros economistas responderam em réplica a um artigo pró-teto de gastos aos também economistas supracitados.
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No que tange ao incremento acima das expectativas nas revisões do PIB, Oreiro indica que houve “surpresas positivas”.
“Houve, de fato, surpresas positivas com o PIB. Eu mesmo não esperava um crescimento próximo de três por cento este ano, como vai acontecer. Esperava algo entre um e meio por cento e dois. E quais foram as surpresas? Primeiro a safra recorde, o agronegócio no Brasil é hoje um componente importante do PIB e você tem aí um crescimento esperado do agronegócio de 14% para o ano de 2023, o que é muita coisa. Isso aí já contribui com quase metade do crescimento esperado para a economia brasileira no período”, afirma.
Em segundo lugar, aponta a desaceleração da inflação como motivo que ajuda a sustentar este crescimento.
“Essa desaceleração da inflação aumenta a renda dos consumidores e com isso você tem o aumento do consumo de bens como o de serviços. Temos aí o comportamento dos serviços surpreendendo positivamente”, diz.
Além disso, o economista traz uma terceira razão que elucida este movimento positivo do PIB: “Uma terceira [razão] é o impulso fiscal que o governo deu com a PEC da Transição. Tivemos aumento do salário do mínimo, aumento do reajuste dos servidores públicos, a retomada de vários programas de assistência social, o Bolsa Família turbinado, o retorno do programa Farmácia Popular, entre diversas outras ações. Quer dizer, esse impulso fiscal foi importante também para induzir o aumento da demanda agregada e com isso a expansão do PIB em 2023”, completa Oreiro.
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