DEMOCRACIA EM QUEDA

No ano de 2021, o Brasil retornou à pior marca registrada no índice de democracias da revista britânica The Economist, que divulgou nesta quinta-feira (10) a última edição de seu relatório. Ataques de Jair Bolsonaro às instituições democráticas foram apontados na publicação como sendo a principal causa do aumento do autoritarismo no país.

O levantamento atribui a cada país uma nota levando cinco critérios em consideração: pluralismo no processo eleitoral, eficiência governamental, participação política da população, cultura de participação política e respeito às liberdades civis. Em 2020, o Brasil recebeu a nota 6,92; enquanto que em 2021 a pontuação brasileira caiu para 6,86. A última avaliação foi a pior atribuída pelo Brasil desde o início da série histórica, em 2006, e foi atingida apenas nos anos de 2017 e 2019.

A postura de Jair Bolsonaro diante das instituições foi apontada no relatório como a principal responsável pela queda do desempenho da democracia brasileira. Em primeiro lugar, foi destacada a forma com que tenta intervir em assuntos do Supremo Tribunal Federal. “O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, exigiu a renúncia de dois membros da Suprema Corte em decorrência de uma investigação sobre suspeitas de que grupos pró-Bolsonaro estariam espalhando notícias falsas”.

Seu posicionamento eleitoral também preocupa os analistas. “Ele também questionou a integridade do sistema eletrônico de votação no Brasil, apesar de não haver qualquer evidência de fraude eleitoral. O senhor Bolsonaro chegou ao ponto de dizer que ignoraria os resultados das eleições presidenciais de 2022– comentário retratado por ele mais tarde”, destaca a revista.

A tendência apontada para 2022 não demonstra projeções otimistas. “O Sr. Bolsonaro provavelmente continuará seus ataques às instituições democráticas, e tentará minar a confiança na integridade eleitoral até as eleições de outubro. Especialmente conforme as pesquisas apontarem que ele se encontra concorrendo atrás de um ex-presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva”.

Fenômeno continental

O índice aponta que a queda na democracia do Brasil não é um fenômeno local, mas algo observado em toda a América Latina. “A crescente falta de comprometimento com uma cultura política democrática vem dando espaço para o crescimento de populistas não liberais, como Jair Bolsonaro no Brasil e Andrés Manuel López Obrador no México”, explica o relatório.

Assim como ocorre no Brasil, a América Latina apresenta uma forte recessão democrática desde o início da série histórica. O relatório considera que “isso é reflexo do desafeto público com as gestões governamentais da pandemia, que ampliou algumas tendências pré-pandêmicas como o crescente ceticismo sobre a habilidade de governos democráticos para lidar com problemas locais; bem como da crescente tolerância com governanças autoritárias”.

AUTORIA

Lucas Neiva

LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.

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