Por João Borges e Bianca Pinto Lima
Ao divulgar nesta terça-feira (9) o novo relatório sobre as projeções para a economia mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a prever que a inflação na Venezuela chegará a 10.000.000%.
Conforme o relatório, o país governado por Nicolás Maduro deverá alcançar, ainda, o percentual de 44,3% da população sem emprego.
Para comparação: em 1993, ano que antecedeu o lançamento do real, a inflação no Brasil foi de 2.477,15%. Basta ler o livro "Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda", da jornalista Miriam Leitão, para saber como era viver naquele período.
A inflação de dez milhões por cento é apenas uma das faces da tragédia venezuelana. A economia deve encolher 25% este ano, isso depois de já ter caído 18% no ano passado.
Num quadro desses, a situação da Venezuela vai muito além do que se pode chamar de uma crise econômica. "Crise humanitária", tem dito a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.
O resgate da Venezuela, quando chegar a hora, será uma façanha. A produção de petróleo, que era de 3 milhões de barris por dia, já caiu para perto de 1 milhão de barris.
O petróleo é quase que a única fonte de receita em dólar e a principal fonte de arrecadação de tributos do governo.
A PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo, se endividou e perdeu capacidade gerencial (funcionários foram demitidos por razões políticas e substituídos por militares em postos de comando e por cubanos).
Endividada, a empresa não conseguiu investir para sustentar a produção. Nos meios financeiros internacionais, a estimativa é de que a Venezuela deve à China mais de US$ 60 bilhões.
Com a Vulnerabilidade financeira da Venezuela, a China, como a grande credora, e ao mesmo tempo dependente do fornecimento externo de petróleo, tem interesse estratégico em dar suporte a Nicolás Maduro. Um grande incômodo para Donald Trump.
Fonte: G1