De acordo com estudo do MCTI, elas são cerca de 56,8% dos mestres e 55,6% dos doutores, mas recebem 27% menos do que eles no caso da primeira titulação e 16,4% na segunda
por Redação
As mulheres são maioria entre os mestres (56,8%) e doutores (55,6%) titulados no Brasil, mas persistem as diferenças salariais em relação aos homens com as mesmas titulações. Esta é uma das informações trazidas pelo estudo “Brasil: mestres e doutores 2024”, feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) — organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) —, e lançado nesta terça-feira (4).
Em sua quinta edição, o estudo faz um panorama sobre o perfil de formação e emprego de mais de 1 milhão de mestres e 320 mil doutores formados entre 1996 e 2021, com recortes como gênero, região e faixa etária, entre outros.
Um dos elementos mostrados é que, assim como ocorre no mercado de trabalho em geral, a disparidade salarial entre homens e mulheres também está presente nesses níveis de formação acadêmica. “Há muitos anos as mulheres deixaram de ser minoria entre os titulados no Brasil, mas ainda não emergiu uma tendência firme de redução das diferenças de remuneração entre homens e mulheres mestres ou doutores empregados”, aponta o estudo.
Segundo os dados, em 2009, as mulheres com mestrado ganhavam 28,1% menos do que os homens, diferença que pouco variou em 2021, quando foi de 26,7%. Nessa categoria de formação, a remuneração média delas foi de R$ 10.033,95.
Já quando se trata do doutorado, a remuneração das mulheres era 15% menor do que a dos homens em 2009, tendo crescido em 2021 para 16,4%. O valor médio da remuneração delas foi de 14.782,68, 9,3% menos do que era em 2009.
Quanto às áreas de conhecimento, no caso do mestrado, as que apresentaram as mais elevadas participações de mulheres foram as de Ciências da Saúde (68,9%), Linguística, Letras e Artes (67,9%), Ciências Biológicas (63,5%) e Ciências Humanas (61,9%).
No caso do doutorado, as áreas de preferência das mulheres seguem as mesmas, mudando os percentuais: Linguística, Letras e Artes (64,5%), Ciências da Saúde (62,5%), Ciências biológicas (61,9%), e Ciências humanas (57,6%).
Segundo o levantamento, a região Sul apresentou a maior proporção de mulheres entre mestres (60,1%) e doutores (59,8%) titulados em 2021. Na ponta oposta, o Sudeste apresentou o índice mais baixo de mulheres entre os mestres (54,9%) e entre os doutores (53,7%) titulados naquele ano.
Dados gerais
Mesmo tendo havido expansão nos títulos de mestrado e doutorado, segue sendo pequena a proporção de brasileiros com esse nível de formação.
Em 2013, o Brasil titulou apenas 25,6 mestres para cada grupo de 100 mil brasileiros, proporção que cresceu para 29,3 em 2021. No caso do doutorado, a proporção é ainda menor: 7,9 títulos de doutor por 100 mil habitantes em 2013 e 10,2 em 2021.
O estudo também apontou que o número de curso de mestrado existentes no Brasil passou de 1.187, no ano de 1996, para 4.601 em 2021, enquanto os de doutorado passaram de 630 para 2.532. A taxa de crescimento acumulado do número de cursos de mestrado no período (288%) foi similar à de cursos de doutorado (302%).
Por outro lado, nos anos entre 2017 e 2021, houve, segundo o levantamento, uma “clara desaceleração do processo de crescimento da pós-graduação brasileira. As taxas de crescimento anual do número de cursos de mestrado e de doutorado passaram a flutuar em torno de médias que corresponderam a bem menos do que a metade daquelas que vigoraram nas duas décadas anteriores”.
As universidades federais se destacam com a maioria dos cursos de mestrado e doutorado, mantendo a participação no número de cursos de mestrado que tinham no seu início – 59%; e aumentaram em 10 pontos percentuais – de 47% para 57% – sua participação nos cursos de doutorado.
Por outro lado, as estaduais tiveram redução na participação, embora tenham aumentado o número de cursos de mestrado de 381 para a 1.031 e de doutorado de 283 para 647, entre 1996 e 2021. Entre esses anos, as participações das estaduais passaram de 32% para 22% dos cursos de mestrado e de 45% para 26% entre os de doutorado.
O peso da pandemia também foi medido no estudo. “A trajetória de expansão sistemática do crescimento do número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos a cada ano foi interrompida no ano de 2020 em razão principalmente do impacto da emergência sanitária criada pela pandemia da Covid-19. Muitos países também apresentaram quedas na titulação no ano de 2020, mas o Brasil teve, nesse aspecto, desempenho muito inferior ao dos países da OCDE”, salienta.
Os dados apontam que em 2019, a pós-graduação brasileira havia concedido 70.059 títulos de mestre e 24.430 de doutor. No ano seguinte, esses números tinham caído para 60.030 e 20.073, o que corresponde a quedas de 14,3% e 17,8%.
Para acessar a íntegra do estudo, clique aqui.
(PL)
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