Por Lucianne Carneiro, Valor PRO — Rio

A reação do mercado de trabalho puxada por trabalhadores informais, com remuneração menor, e a inflação têm sido as principais influências para a queda da renda pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, na avaliação da coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy.

O rendimento médio real habitual dos trabalhadores (considerando a soma de todos os trabalhos) foi de R$ 2.508 no trimestre móvel até julho de 2021, o que significa uma queda de 2,9% frente ao trimestre móvel anterior (encerrado em abril) e uma retração de 8,8% frente a igual período de 2020.

“A gente percebe que o rendimento médio real dos trabalhadores vem caindo. Essa queda pode estar associada a um crescimento de ocupação baseado em trabalhadores com menores remunerações. Parte significativa da expansão da ocupação vem da expansão da informalidade. Hoje, na composição de ocupados, há muito mais informais. Essa ocupação cresce, mas com um conjunto de trabalhadores com menor remuneração. Mas também não se pode esquecer o crescimento da inflação”, disse Adriana, ao comentar o recuo da renda.

O aumento da taxa de informalidade indica esse movimento apontado por ela. A taxa de informalidade – que indica a parcela dos trabalhadores informais em relação ao total da da população ocupada – foi de 40,8% no trimestre móvel encerrado em julho (com 36,3 milhões de trabalhadores informais). Essa taxa era de 39,8% no trimestre anterior (encerrado em abril) e de 37,4% em igual trimestre de 2020.

No caso da massa de rendimentos, aponta Adriana, o avanço mais expressivo da ocupação tem “neutralizado” esse efeito da renda, já que o indicador se mantém estatisticamente estável.

A massa de rendimentos real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) foi de R$ 218 bilhões no trimestre de maio a julho de 2021, uma variação de 0,6% frente ao trimestre móvel anterior (encerrado em abril) e uma queda de 1% (menos R$ 2,226 bilhões).

As duas variações, no entanto, são classificadas pelo IBGE como estabilidade estatística. Já a população ocupada atingiu 89 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho, o que significa uma alta de 3,6% ante o trimestre móvel anterior e de 8,6% frente a igual período de 2020.

“Na massa de rendimentos, para haver estabilidade, diante de rendimentos mais baixos, foi necessário haver crescimento bastante significativo da população ocupada. A massa tem então mais trabalhadores, com rendimento menor”, explicou ela.

Fonte: VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2021/09/30/mercado-com-mais-informais-e-inflao-influenciam-na-queda-da-renda-diz-ibge.ghtml