Não existe apenas a exploração sexual das mulheres. Junto, e muitas vezes ligada, existe de fato a exploração no trabalho, na agricultura ou no trabalho doméstico, que atinge mais mulheres do que se possa imaginar na Itália. E não apenas estrangeiras. É uma visão multifatorial o relatório “Mulheres exploradas. O direito de ser protagonistas”, editado pela associação “Slaves No More” apresentada ontem no Senado.

A reportagem é de Alessia Guerrieri, publicada por Avvenire, 08-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

De fato, as mulheres são exploradas no mundo do trabalho porque têm contratos mais precários e remunerados em média a metade dos homens, sobretudo no mundo dos cuidados domésticos e da agricultura. Este último é um setor em que 30% vivem situações de fragilidade ou irregularidade contratual que se traduzem em “sujeição” e onde se calcula que as mulheres exploradas sejam pelo menos 50.000.

Ligado à vulnerabilidade do trabalho também o fenômeno da prostituição que, na análise de 200 sites ativos em toda a Itália, sugere um giro de negócios (entre prostituição indoor e anúncios online) de 4,7 bilhões de euros. É por isso que a associação “Slave No More” está pedindo à política uma comissão parlamentar de inquérito sobre a exploração das mulheres. "Esta análise quer lembrar à política e à sociedade que não podemos mais nos permitir falar de exploração sem fazer nada - frisa o presidente da associação Pino Gulia - e também ressaltam a carência jurídica e a desatenção sociológica sobre o fenômeno".

Fenômeno que se alimenta em grande parte no mundo das cuidadoras. Quem lembra isso é o bispo auxiliar de Roma, monsenhor Benoni Ambarus, quando destaca que “70% das que realizam trabalhos domésticos e de cuidado são migrantes com uma taxa de irregularidade de 57%, contra uma média nacional de 12,6%”. É por isso que não funciona mais “a dinâmica de dizer 'é coisa pouca’, esquecendo que existe o sacrossanto direito de cada um de manter íntegra a sua dignidade”.

Os sindicatos poderiam desempenhar um papel importante, lembra Lara Ghiglione falando em nome da CGIL, CISL e UIL, que convida a convocar uma mesa de discussão em breve para ver como usar o financiamento de 2023 para combater o tráfico. Mas também para superar aquele processo de “remoção coletiva”, como o define Linda Laura Sabbadini, que diz respeito às disparidades salariais e de condições de trabalho das mulheres, pelas quais mais de 2 milhões na Itália ganham menos de 12 mil euros brutos por ano.

Todos elementos, concluiu a senadora do Pd Cecília D'Elia, que "merecem um aprofundamento por parte das instituições, porque é obrigatória e urgente uma ação de combate".

IHU-UNISINOS

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