"1,2% dos adultos mais ricos concentram 47,8% da riqueza global e 53,2% dos adultos mais pobres respondem por apenas 1,1% da riqueza global", afirma José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador de meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 26-10-2022.

Eis o artigo.

O relatório sobre a pirâmide global da riqueza, do banco Credit Suisse (Global Wealth Report 2022), traz um quadro bastante amplo e esclarecedor da distribuição da riqueza (patrimônio) das pessoas adultas do mundo.

A riqueza global foi estimada em USD$ 464 trilhões em 2021, para 5,3 bilhões de pessoas adultas no mundo. A riqueza per capita por adulto foi de US$ 87,5 mil. Sendo que 1,2% dos adultos mais ricos concentram 47,8% da riqueza global e 53,2% dos adultos mais pobres respondem por apenas 1,1% da riqueza global.

A pirâmide expressa a apropriação desigual da riqueza, sendo que na base estão os adultos com a riqueza menor do que 10 mil dólares. Nesta imensa parcela, havia 2,818 bilhões de pessoas, representando 53,2% do total de adultos no mundo. O montante de toda a “riqueza” deste contingente foi de US$ 5 trilhões, o que representava somente 1,1% da riqueza global de US$ 464 trilhões. A “riqueza” per capita deste grupo foi de US$ 1,8 mil.

No grupo de riqueza entre US$ 10 mil e US$ 100 mil havia 1,79 bilhão de adultos, o que representava 33,8% do total de pessoas na maioridade. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de USD$ 60,4 trilhões, o que representava 13% da riqueza global. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 33,7 mil.

No grupo de riqueza entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão havia 627 milhões de adultos, o que representava 11,8% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de US$ 176,5 trilhões, o que representava 38,1% da riqueza global. A riqueza per capita deste grupo foi de USD$ 282 mil.

Os milionários, aqueles com patrimônio acima de US$ 1 milhão, eram de 62,5 milhões de adultos, representando 1,2% do total de adultos do mundo. Todavia, este pequeno grupo de pessoas concentrava 47,8% da riqueza mundial. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 3,5 milhões.

As figuras abaixo comparam as pirâmides globais da riqueza de 2010 e 2021. Nota-se que havia 4,4 bilhões de adultos no mundo para uma riqueza total de US$ 195 trilhões em 2010, passando para 5,3 bilhões de adultos para uma riqueza total de US$ 464 trilhões em 2021. Em termos per capita a riqueza global passou de US$ 44 mil em 2010 para US$ 87 mil em 2021 (dobrou em termos nominais no período).

A riqueza per capita conjunta das “classes” C e D era de US$ 9,9 mil em 2010 e passou para US$ 14,1 mil em 2021 e a riqueza per capita conjunta das “classes” A e B era de US$ 431 mil em 2010 e passou para US$ 577 mil em 2021.

Portanto, a despeito das desigualdades de riqueza, houve crescimento da população e da economia entre 2010 e 2021. Mas a ampliação das atividades antrópicas estão sustentadas em bases frágeis, pois a riqueza do ser humano (em sua forma piramidal) está alicerçada sobre bases naturais degradas pela superexploração dos ecossistemas.

A pirâmide da riqueza humana tem crescido e se ampliado sobre uma base de pauperização da natureza. Não é improvável, que em algum momento, a pirâmide possa afundar por falta de sustentação ecológica ou possa implodir por falta de justiça redistributiva em sua arquitetura social.

Referências

ALVES, JED. A pirâmide global da riqueza e o aumento da desigualdade, Ecodebate, 22/10/2014. Disponível aqui.

Credit Suisse. Global Wealth Report 2022, Leading perspectives to navigate the future. Credit Suisse Research Institute, 01/09/2022. Disponível aqui.

IHU-UNISINOS

https://www.ihu.unisinos.br/623375-a-piramide-da-desigualdade-global-da-riqueza-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves