Mariel Angeli Lopes, economista do Dieese, reconhece que é impossível elevar, de uma vez só, o valor atual para o que seria ideal, mas defende que o piso salarial seja corrigido acima da inflação

CB
Correio Braziliense

A legislação que criou o salário mínimo, em meados dos anos 1930, estabeleceu que ele deveria ser suficiente para prover as necessidades básicas do trabalhador e de sua família. Com base nisso, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula, desde 1994, o valor do salário mínimo necessário para cumprir despesas básicas dentro de casa. Hoje, esse montante deveria ser de R$ 6.388,55, bem acima do valor atualmente vigente.

A economista do Dieese Mariel Angeli Lopes reconhece que é impossível elevar, de uma vez só, o valor atual para o que seria ideal, mas defende que o piso salarial seja revisto e corrigido acima da inflação. "A gente está em uma situação de carestia elevada. Então o trabalhador acaba sendo duplamente afetado. Ele tanto sofre com os custos e os preços altos dos alimentos, principalmente, mas também com um salário baixo, que não vem crescendo de modo expressivo nos últimos anos", apontou.

Para resolver o problema em um curto prazo, a economista sugere a definição de uma política pública para tentar controlar os preços de alimentos básicos. Segundo ela, seria diferente do que foi feito nos anos 1980, com o tabelamento de preços no governo de José Sarney — que não deu certo, desorganizou a economia e provocou desabastecimento —, mas algo que promovesse a redução de custos sem aumentar os riscos para a economia no futuro.

Prioridade

"A gente observa que isso não é uma política pública, isso não é uma prioridade do governo. Então, acaba que fica muito difícil ter uma diminuição dos preços quando não há uma política nacional direcionada para isso. O trabalhador sofre duplamente. Não tem política de valorização do salário mínimo, ao mesmo tempo em que o preço dos alimentos sobe bastante", afirmou.

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