Automação deixará muita gente sem emprego em todo mundo; só no Brasil, estima-se a extinção de 16 milhões de vagas até 2030

Gustavo Carneiro/15-03-3018
Gustavo Carneiro/15-03-3018 - A maior parte das funções de chão de fábrica será exercida por robôs em futuro próximo

A maior parte das funções de chão de fábrica será exercida por robôs em futuro próximo

               

Num cenário de incertezas relacionadas ao futuro próximo, o mundo comemora nesta terça-feira (1º), pela 132ª, o Dia do Trabalho. Relatório do Banco Mundial aponta que, de 2015 a 2020, todos os países terão perdido 7,1 milhões de empregos formais. Cerca de 2 milhões serão abertos no período e o saldo ficará negativo em 5,1 milhões de vagas. Esse é considerado o impacto inicial do que estudiosos chamam de quarta revolução industrial, quando os robôs passam a substituir o homem em diversas atividades. 

A revolução deve ganhar velocidade nos anos 2020. Até 2030, estima-se que mundo perderá 800 milhões de empregos formais, sendo 16 milhões no Brasil. Os otimistas acreditam que haverá criação de novas vagas na mesma proporção em atividades difíceis de serem automatizadas e em profissões que sequer existem hoje. 

                    

             

Muitas funções repetitivas de chão de fábrica deixarão de existir. Mas o setor de serviços também será afetado: um terço dos postos de trabalho a serem extintos, segundo o Banco Mundial, serão administrativos, serviços de escritórios. E a revolução industrial também roubará vagas exercidas por profissionais com ensino superior, como os jornalistas. 

No site https://willrobotstakemyjob.com, é possível estimar a probabilidade de os robôs se apossarem de atividades desenvolvidas pelos homens nos Estados Unidos. Ele foi construído com base em pesquisa dos professores Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da Universidade de Oxford, sobre o futuro do trabalho. 

De acordo com site, há 96% de probabilidade de montadores de equipamentos elétricos e eletrônicos serem substituídos nas fábricas. Já a chance de secretárias e assistentes administrativos serem trocados pela automação é de 98%. Em porcentual mais baixo, as probabilidades de acontecer o mesmo com os jornalistas e físicos é de 11% e 10%, respectivamente. Médicos, dentistas e psicólogos têm menos de 0,5% de chance de serem substituídos. 

                    

NEM-NEM 

Os desafios e incertezas em relação ao futuro são grandes, inclusive nos países ricos. A preocupação é maior, no entanto, naqueles com baixo nível educacional, como o Brasil. Segundo o estudo "Competências e Empregos - Uma Agenda para a Juventude", do Banco Mundial, 23% dos jovens brasileiros (de 15 a 29 anos) não estudam e não trabalham. São os "nem-nem". Mais da metade dos jovens está em risco de desengajamento econômico. No conceito usado pela instituição, trata-se de pessoas que não estudam nem trabalham, ou então, estudam ou trabalham mas dificilmente "adquirem capital humano". 

O levantamento mostra outros dados preocupantes: 62% dos adolescentes estão atrasados (em séries erradas) na escola. Se nenhuma providência eficaz for tomada, o País levará 260 anos para ter a educação no nível dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), formada por 35 países ricos ou em desenvolvimento. 

E o brasileiro não vê recompensa nos estudos. Uma pesquisa citada pelo Banco Mundial (Riwi) mostra que 40% da população pensa que um trabalhador com ensino médio completo ganha o mesmo que outro que só completou o ensino fundamental.

                       

Fonte: Folha de Londrina, 02 de maio de 2018