O governo federal afirmou recentemente que o país não corre risco de desabastecimento porque tem 50 dias de estoque

Por Gabriela Ruddy, Valor — Rio

O estoque de diesel S10 atual no Brasil é de 15 dias, o que indica que o país não está fora de um risco de falta de suprimento do produto, afirma o sócio da Leggio Consultoria, Marcus D’Elia.

A projeção de estoque leva em consideração a expectativa de aumento da demanda por diesel nos próximos meses, com o escoamento da safra agrícola.

Segundo D’Elia, a expectativa é que no pico da safra, em agosto, o consumo de diesel fique em 105 mil metros cúbicos por dia (m³/dia).

Recentemente, o governo federal afirmou que o país não corre risco de desabastecimento pois tem 50 dias de estoque. D'Elia alerta que o recente anúncio do governo leva em consideração uma demanda de 37 mil m³/dia, o que corresponde ao volume estimado para a importação do combustível.

Para o especialista, o risco de desabastecimento de diesel existe, mas, se ocorrer falta de combustível, provavelmente será em locais mais distantes dos centros de produção e dos estoques, que estão concentrados no Sudeste. “O país não está fora de risco”, diz.

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Na visão de D’Elia, a ampliação do estoque não é a melhor medida para evitar o desabastecimento, pois aumenta o custo financeiro das empresas do setor, o que é repassado para o preço final.

Segundo ele, é importante estudar o risco de ruptura e a capacidade de resiliência das cadeias logísticas para se preparar para eventuais imprevistos no suprimento, como o atraso de uma embarcação em algum ponto do país ou um acidente em um terminal.

"A solução técnica e necessária é possuir planos de contingência para o caso de ocorrer interrupção em alguma das cadeias logísticas de combustível. Para isso, é preciso mapear os pontos de maior risco, identificar alternativas de suprimento e planejar rotas para movimentar o produto até os locais mais vulneráveis”, afirma.