A crise econômica brasileira levou multinacionais com origem no país a demitir profissionais de suas operações locais, enquanto suas subsidiárias internacionais seguiram contratando.

Segundo estudo que será publicado nesta terça-feira (10) pela Fundação Dom Cabral, 57,7% das companhias do tipo contrataram no exterior, enquanto 61,5% delas demitiram no Brasil.

Foram entrevistadas 54 empresas brasileiras com atuação internacional.

Dessas, dois terços ampliaram suas operações no exterior no ano passado.

A professora da Fundação Dom Cabral Lívia Barakat diz que as subsidiárias no exterior permitiram a muitas empresas manter resultados sustentáveis, mesmo na crise pela qual o Brasil passa.

"Internacionalizar é uma forma de reduzir riscos. Muitas empresas, se não estavam no exterior, passaram a considerar. E, se já estavam, agora pensam em expandir."

Por outro lado, as brasileiras tiveram uma queda de 35% em suas margens de lucro no exterior em 2016. Elas caíram de 11% para 7,9% em relação a 2015, apesar de um faturamento melhor.

Com isso, seguiram em patamar inferior às registradas no mercado brasileiro, que, no mesmo período, caíram de 16,3% para 14,1%.

Barakat diz ser comum que companhias nacionais tenham margens menores no exterior, especialmente nos primeiros anos de investimento, quando precisam consolidar as operações e as marcas em novos mercados.

Até por causa dessa expectativa mais conservadora, o grupo se mostra mais satisfeito com as operações internacionais do que com seu desempenho no Brasil, diz.

Em relação aos resultados financeiros, por exemplo, a satisfação com as subsidiárias foi 20% maior do que com as operações brasileiras.

Das empresas pesquisadas, 42,3% planejam entrar em novos países nos próximos dois anos. Em relação aos mercados onde já atuam, 69,2% das empresas planejam uma expansão.

O índice de internacionalização das empresas, medido pela proporção de ativos, funcionários e receitas das empresas no exterior em comparação ao que concentram no Brasil, teve leve alta em 2016, de 0,9 ponto percentual, chegando a 27,3%. Dois anos antes, era de 23,2%.  

                                  

Fonte: Folha de São Paulo, 10 de outubro de 2017