Receio com cenário tem levado exportadores a manter receitas no exterior mesmo com Selic maior
Por Marcelo Osakabe, Valor — São Paulo
Riscos fiscais e políticos e a perspectiva de uma eleição acirrada em 2022 têm estimulado companhias exportadoras a manter parte de seus dólares fora do Brasil.
Dados do Banco Central (BC) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a chamada “boca de jacaré” — a diferença entre as exportações embarcadas e o câmbio contratado e o embarcado — continua se abrindo e está nas máximas históricas.
Diante de uma taxa Selic em alta firme e da redução do processo de desalavancagem de grandes empresas, restam poucos argumentos para explicar essa diferença além do receio sobre a questão política e fiscal, segundo profissionais ouvidos pelo Valor.
A diferença em 12 meses entre as exportações embarcadas, divulgadas pela Secex, e o câmbio contratado de exportações, informado pelo BC, saltou de US$ 34 bilhões em maio para US$ 45,2 bilhões em agosto até dia 20. A lacuna também pode ser enxergada por meio do balanço de pagamentos. Com essa metodologia, a discrepância estava em US$ 26,9 bilhões em julho, também perto da máxima histórica.
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