Por G1 — Rio de Janeiro

A inflação da indústria avançou 1,31% em junho, o que representa uma aceleração em relação a maio, quando a alta de preços do setor foi de 0,99%. É o que aponta o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, esta foi a 23ª alta mensal seguida do indicador. No ano, o IPP acumulou alta de 19,11%, variação mais alta para um mês de junho desde 2014, quando teve início a série histórica da pesquisa. Já em 12 meses, a alta acumulada foi 36,81%, também a maior de toda a série histórica.

O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”. Ou seja, sem impostos e frete, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis).

Pressão do câmbio no setor extrativo

De acordo com o gerente de análise e metodologia do IBGE, Alexandre Brandão, grande parte da alta na comparação mensal foi puxada pelo setor extrativo, cujos preços tiveram aumento de 8,71% em junho após dois meses de deflação. Também houve pressão do dólar sobre os produtos extrativos.

“Depois de dois meses consecutivos com variações negativas na comparação mês contra mês imediatamente anterior, os preços do setor subiram, em média, 8,71%, devido à variação dos preços em dólar no mercado internacional, apesar da apreciação do real no período”, explicou o pesquisador.

A segunda maior alta partiu dos produtos de metal (2,80%), seguida por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,60%) e minerais não-metálicos (2,50%).

"Conforme vem ocorrendo desde o início do ano, o aumento em junho se justifica, em grande parte, pelos maiores preços das matérias-primas utilizadas no setor, em especial o aço", destacou o IBGE.

Em relação às grandes categorias econômicas, o IPP teve alta de 0,71% em bens de capital; 1,56% em bens intermediários; e 1,01% em bens de consumo, sendo que 2,03% foi a variação observada em bens de consumo duráveis e 0,81% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

Alimentos têm primeira deflação no ano

Os preços do setor de alimentos tiveram queda média de -0,05% na passagem de maio para junho. Segundo o IBGE, foi o primeiro resultado negativo desde dezembro de 2020, quando a variação foi de -1,05%.

O IBGE ponderou que todos os principais produtos alimentícios analisados no indicador usam o leite como matéria-prima, cujos preços subiram devido à seca observada no país, "influenciando toda a cadeia industrial posterior". Todavia, o açúcar VHP e os resíduos da extração de soja tiveram deflação, ajudando a frear o IPP.

"A queda dos preços desses dois produtos está em linha com a apreciação do real, mas também sofreu influências externas, como a chegada da safra de soja argentina no mercado mundial", destacou o instituto.

Fonte: G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/07/28/inflacao-da-industria-avanca-131percent-aponta-ibge.ghtml