Na visão da agência de classificação de risco, a pandemia reverteu muitas conquistas sociais dos últimos anos, com aumento da desigualdade e pobreza
Por Sérgio Tauhata, Valor — São Paulo
O fim do auxílio emergencial pode criar pressões sociais se a economia não se recuperar a contento, avalia a analista sênior da Moody's Samar Maziad. "Na ausência de recuperação da atividade econômica e com um nível elevado de desemprego, há algum risco de agitação social com o fim da ajuda emergencial", disse Samar. "Há algum risco, mas agora não é muito elevado", acrescenta.
Em um cenário de recuperação da atividade mais lenta ou desafiadora que o esperado, as pressões sociais tendem a subir. Na visão da agência de classificação de risco, a pandemia reverteu muitas conquistas sociais dos últimos anos, com aumento da desigualdade e pobreza.
Um maior patamar de descontentamento social pode ainda complicar a trajetória de consolidação fiscal, na medida em que os políticos e legisladores vão se sentir pressionados a encontrar novas fontes de recursos ou aumentar os gastos.
"As pressões estão do lado de baixa para os ratings, com aumento de pressões sociais e pressões fiscais", diz Samar.
Na visão da analista, ainda que o apoio emergencial dos governos tenha sido um elemento crítico para reduzir o risco social na pandemia em vários países, "os riscos de pressões sociais antecedem a pandemia".
O fim do auxílio no Brasil pode exacerbar o sentimento negativo nas classes mais atingidas pela crise, se a atividade não for retomada a contento. Por isso, a analista destaca ser "importante o programa de vacinação para minimizar os efeitos de um isolamento e fechamentos adicionais".
Fonte: Valor Investe