Cerca de 40 mil trabalhadores dos Correios correm o risco de ficar desempregado em 2021. Isso se a privatização da empresa, uma das principais metas do governo Bolsonaro, for concretizada. A equipe econômica defende a venda da empresa até o próximo ano.

A intenção foi confirmada terça (14) pelo secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar. Segundo ele, devido à complexidade do processo, a entrega da empresa a monopólios privados deve acontecer no final do ano que vem. 


Diviza é presidente do Sindicato da categoria em São Paulo 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de SP e vice da Federação Interestadual (Findect), Elias Cesário (Diviza), contesta a alegação do governo de que a estatal seria uma empresa deficitária, que dependeria de recursos do poder público.

“Com exceção dos dois anos de recessão em que a empresa teve dificuldades, o governo sempre retirou dinheiro dos lucros obtidos pela empresa”, explica o sindicalista.

Para ele, a intenção de Bolsonaro sempre foi entregar todo o patrimônio do povo para o setor privado. “Eles querem é entregar os Correios para empresas privadas nacionais e multinacionais ligadas ao governo”, denunciou.

Taxas - Diviza alerta também para a questão dos preços cobrados pela entrega de encomendas. Ele afirma que as empresas privadas que atuam no setor gostariam de cobrar preços mais altos, mas não conseguem porque os Correios mantêm os preços em patamares razoáveis. “Com a privatização, a primeira consequência será a alta dos preços cobrados pelos serviços privados, em prejuízo à população”, observa ele.

Monopólio - Sobre a quebra do monopólio postal, o sindicalista rebate: “Não há monopólio nas entregas de encomendas. Há várias empresas privadas atuando nessa área no Brasil. Só há monopólio postal, ou seja, na entrega de cartas”.

Diviza explica que o monopólio postal garante aos Correios a exclusividade no envio de cartas, que inclui envio de cobranças bancárias e boletos, entre outros. A empresa, acrescenta ele, também cumpre função de banco em 2.230 municípios sem agências bancárias. “Sem esses serviços feitos pelos Correios a economia desses municípios vai declinar. A privatização será prejudicial, portanto, para toda a população e à economia do País”, ressalta.

Na tentativa de barrar o processo e evitar as demissões, os representantes dos trabalhadores se mantêm mobilizados. O presidente do Sintect-SP, afirma que uma das ações será conversar com parlamentares sobre os prejuízos que a iniciativa do governo pode acarretar à sociedade e aos trabalhadores do setor. “Vamos esclarecer os deputados e senadores sobre os impactos da privatização, que pode jogar milhares de trabalhadores na rua da amargura”.

Agência Sindical